Exemplo de horária: vou continuar trabalhando de manhã?

Contexto: minha mãe é professora de escola pública e estava, no início do ano, sem saber se trabalharia de manhã (período no qual já trabalhava e preferia), ou se teria que começar a trabalhar à tarde. Tudo dependia de outra professora, que, por estar a mais tempo na rede pública, poderia escolher seu turno. Minha mãe e ela nunca foram próximas, mas também nunca tiveram desentendimentos. Minha mãe acabou me perguntando se ela teria um bom horário durante o ano. Essa é a horária:

Minha mãe, o Ascendente, é representada pelo Sol, que está em Aquário (detrimento), consideravelmente perto do DC (considero-o angular), conjunto a Mercúrio e se aplicando a Júpiter retrógrado em Gêmeos. Já a outra professora, que escolheria o turno, é representada por Saturno em Escorpião, que pode ser considerado angular também. Vênus (regente da 10, então, pode representar o trabalho) se separa de Saturno, o que é muito ruim para a outra professora. Vênus é recebida por Saturno, mas se separa dele; é como se ela estivesse rejeitando o que a ajuda. E foi exatamente isso que aconteceu.
A professora decidiu ajudar minha mãe e simplesmente deu o turno de manhã para ela. Minha mãe teve um resultado positivo, e acho que isso se deve porque:
1) O Sol (minha mãe) estava na casa 7 (a professora), o que simbolizava sua dependência;
2) O Sol se aplicava por trígono a Júpiter, o que leva a questão à perfeição. Júpiter retrógrado pode retornar a luz ao Sol, e como o Sol está angular, mais uma vez, a questão é bem resolvida.
3) A Lua está exaltada na casa do trabalho, a 10, e, há muito tempo, se separou de Saturno em Escorpião (de novo, o trabalho se separando da professora) e de Vênus (que a recebe - não sei bem como interpretar isso). A Lua acabou de se separar de Marte em Aquário e o primeiro aspecto que a Lua fará é ao Sol (mas apenas quando mudar de signo). 
Minha conclusão ao ver o mapa foi: sim, minha mãe continuaria de manhã. Até os pontos cardeais em signos fixos apontavam pra isso.
Porém, depois do resultado, apareceram outros dados muito interessantes.
1) A professora renunciou ao cargo para ajudar minha mãe. Saturno (a professora) recebe o Sol (minha mãe).
2) A professora (que é mais nova do que minha mãe, apesar de estar a mais tempo na rede pública) tem uma séria doença que atinge seus ossos, tendões e tornozelos, e esse fator contribuiu para sua decisão. E podemos ver vários indícios disso, aliás:
- Saturno representa a professora, e pode falar desse tipo de problemas, ainda mais no signo úmido e bélico de Escorpião.
- A casa 7, a professora, cai em Aquário, signo dos tendões e tornozelos.
- Marte, maléfico, está no signo de Aquário.
- A Lua está aflita, apesar de exaltada. Quadrada por Marte e conjunta ao nodo sul. A Lua rege a 12 (a 6 a partir da 7, ou seja, as doenças da professora...).
- Saturno, o regente da professora, também está um pouco aflito, porque está em recepção separativa tanto com Vênus quanto com Marte.
Não sei se estou viajando nessa interpretação sobre a doença da professora, até porque eu jamais teria visto isso antes do resultado da horária. 

Um argumento interessante a favor de signos inteiros

Quem tem acompanhado o blog sabe que eu curto signos inteiros (Whole Signs em inglês - WS). Esse é o sistema de casas em que o signo é a própria casa. Nos sistemas divisionais normais, um planeta pode estar numa casa que começa com o signo de Áries, por exemplo, mesmo que ele esteja em Touro. Nunca fui muito com a cara desse sistema; ele já se provou de grande valia e utilizável, mas eu simplesmente não curtia. Então eu vi o sistema de signos inteiros, e pra mim, tem sido tão bom quanto, até para astrologia horária (Masha'allah usava!)

E me passou um argumento bom pra validar o sistema de signos inteiros. Com certeza não fui eu quem inventei, mas eu nunca li alguém falando isso (eu não conheço muitos astrólogos atuais que realmente usam WS, afinal...).

As casas benéficas são aquelas que fazem aspectos benéficos ao Ascendente; 3, 11 (sextis), 5 e 9 (trígono), por exemplo, são bem benéficas. Agora, digamos que tenhamos um mapa com o Ascendente em Virgem. No sistema divisional, na casa 5, há Vênus em Aquário, que é o sexto signo a partir de Virgem. Como pode um planeta ser benéfico ao Ascendente se ele nem o aspecta? Independente das casas, Virgem e Aquário nunca vão se aspectar.

Eis que o sistema de signos inteiros soluciona isso: Vênus, por esse ângulo, está na casa 6, e vai trabalhar contra o Ascendente, porque não o aspecta.

As casas angulares (4, 10, 7) fazem quadraturas e oposição ao Ascendente, mas ainda são aspectos! Por isso, não são consideradas maléééééficas. A 4 e principalmente a 7 podem significar morte, e a 10, chefes e superiores, o que pode ser considerado maléfico, mas o fato de aspectar a casa 1 (em inglês, essas casas estão "regarding" a casa 1), pelo menos no referente a casas, já os torna mais leves. Levando os aspectos para os signos, toda quadratura ou oposição envolve signos que têm pelo menos a modalidade em comum (fixo, mutável, cardinal). A questão é: delimitar em que casa um planeta está, na minha opinião, não pode passar por cima do fato de que os signos em questão se aspectam ou não, porque isso é a base da dualidade benéfico/maléfico. E o WS acaba com isso.

Eu trabalho com essa inconstância assim: coloco o mapa no sistema Alcabitius, o mais usado na era medieval, mas uso mesmo o de signos inteiros, inclusive pra regências (apesar de achar esse quesito um dos pontos fracos do WS). Uso o Alcabitius para verificar a angularidade de algum planeta. Apesar de estar na casa/signo 8, esse planeta pode muito bem estar angular, e um bom sistema divisional me ajuda a ver isso melhor.

As três grandes "fraquezas", na minha opinião, do WS, são:

1) A angularidade fica meio zoada. Um planeta pode ser considerado na casa 4, então, angular, mas e se ele estiver antes do IC? Ele já não estaria avançando em direção ao ângulo. Mas uma bela estudada pode solucionar isso.

2) Se o eixo MC-IC cai em signos diferentes dos signos 4 e 10, a análise de filhos (5), amigos (11), profissão (10) e família (4) pode ficar meio zoada. Mas basta estudar bastante pra delimitar os limites disso também.

3) A que eu já falei: a regência sobre uma casa que está num signo por WS, mas em outro signo por divisionais, pode ser muito complicada. Nada que estudar não resolva.

Enfim, usem o sistema que preferirem: mas nunca duvidem do poder do WS.

Continuação sobre os filhos do John McCook

Continuação deste post. Falo de novo, estou especulando e treinando; não sou super especialista em profecção, nem em revoluções solares, nem em firdarias, nem em análise de quantidade de filhos. E ainda poderia ter usado direções primárias, progressões secundárias etc. Fica de olho. E esse é o mapa natal do sujeito; você vai precisar pra acompanhar. O lote dos filhos nesse mapa está por volta do grau 25 de Gêmeos, no meio dessa festa da uva que é a casa 11 (a festa da uva se chama stellium).

Em agosto de 1972, John tinha 28 anos (profecção 29 - Sagitário, casa 5, regente Júpiter), na firdaria Mercúrio/Sol, e estava na seguinte revolução solar (chamada RS daqui pra frente)

 

Como eu já sei que ele teve um filho na época, vamos focar nisso. Os planetas importantes eram: 

1) Mercúrio, porque regia a firdaria, e o Sol, porque era o subregente;

2) Vênus, regente do ascendente da RS e muito próxima da 
sua posição natal;

3) Júpiter, regente da profecção.

Vendo a firdaria, o período tem ações mercuriais (casa 11, casa 2 do mapa natal; em aspecto exato com Marte, regente da 9 e da 4; além de assuntos mercuriais típicos como escrita, números, análise etc) executadas de forma solar (regente da 1, na 11; misturado com a Lua, Vênus, Mercúrio e Júpiter).

Como a única coisa que eu sei sobre ele e sobre esse período da sua vida é que ele teve um filho, vamos focar nisso. Vemos que Júpiter está em queda e retrógrado. Mercúrio, regente da 5, e Júpiter não aspectam suas respectivas posições natais, ganhando menos importância. A Lua e Vênus, de fato, são os únicos planetas que o fazem (tirando o Sol, lógico). Mas nem a Lua nem Vênus aspectam o ascendente da RS! O aspecto mais próxima da Lua é com Mercúrio (regente da 5 do RS) em Câncer, fértil, com recepção (mas separativa). 

O lote dos filhos está em Sagitário (o signo da profecção) e em sextil exato com a Lua, e regido por Júpiter em Capricórnio. Vênus está em contra-antiscia com Júpiter.

No mapa profectado, Marte vira o regente da 5 e está conjunto a Mercúrio na RS, porém, em queda.

Saturno ingressa na casa 11 natal, e rege o Júpiter da RS.

Não há nenhum ingresso realmente forte da RS no mapa natal.

Agora, em outubro de 1981, John tinha 37 anos (profecção 38: Virgem, casa 2, regente Mercúrio), na firdaria Lua/Sol, com a RS:

Esse ano, de cara, já pareceu importante. A Lua estava conjunta exatamente ao DC, e o Ascendente estava de volta ao signo natal, Leão. Vou me ater de novo ao assunto "filhos".

Os planetas importantes são:

1) O Sol, subregente da Firdaria e regente do Ascendente, tanto da RS quanto natal;

2) a Lua, regente da Firdaria e bizarramente angular;

3) Mercúrio, regente da profecção.

Firdaria: assuntos lunares (casa 12, casa 11, se mistura com o Sol, Júpiter, Vênus e Mercúrio, fala também da casa, família, cotidiano) de forma solar (casa 1, presente na 11, misturado com a Lua, Vênus, Mercúrio e Júpiter).

Eu gosto de signos inteiros, então, pra mim, a casa 5 pode até ser regida por Marte, mas tem natureza jupiteriana e é regido por ele também. Júpiter é recebido por um "belo" Saturno exaltado e aspecta com proximidade o Ascendente e Mercúrio, de novo fértil, porém retrógrado e combusto. Já Marte está estéril e ingressa sobre Mercúrio. A Lua faz aspecto com Júpiter, e se separa dele e de Saturno, e se aplica a Marte.

O lote dos filhos está por volta do grau 4 em Leão, estéril, aspectado de novo pela Lua, e é regido pelo Sol conjunto a Marte. Também é aspectado por Júpiter e Saturno.

Saturno rege a casa 5 profectada.

Agora, em novembro de 83, ele tinha 39 anos (profecção 40: Escorpião, casa 4, regente Marte), na firdaria Lua/Mercúrio, com a RS:

Os planetas importantes são:

1) Marte, regente da profecção e super angular na RS;

2) Júpiter, regente do Asc da RS;

3) Mercúrio, subregente da firdaria; e a Lua, regente da firdaria (ela está em queda, no signo 12 e não aspecta sua posição natal, então, está fraquinha).

A firdaria promete ações lunares de forma mercurial (você já sacou como se faz).

Marte rege o quinto signo e está super forte, apesar de estéril e combusto; Júpiter está no primeiro signo e em aspecto com Mercúrio, em phasis e no sétimo signo. Marte ingressa mais sobre o Sol, a Lua e Vênus agora, ainda que em toda a casa 11.

Júpiter, por signos inteiros, angular, é o regente da casa 5 do mapa profectado. 

O Asc da RS, Sagitário, cai na 5 (filhos) do mapa natal.

O lote dos filhos está por volta do grau 18 de Escorpião, bem fértil, copresente com a Lua, no Ascendente do mapa profectado, dominada e aspectada por Vênus em Leão e regida pelo angular Marte, mas em aversão a seu regente, e na casa 12 da RS.

Por fim, temos o último filho: julho de 1990. Ele tinha 46 anos (profecção 47: Gêmeos, casa 11, regente Mercúrio), na firdaria Saturno/Sol, com a RS: 

Mercúrio não podia ser mais importante esse ano. Regente da profecção, do Asc da RS, angular, muuuuito perto da sua posição natal, em phasis e em domicílio/triplicidade. Quê isso. Além dele, temos também de importantes Saturno, regente da firdaria, e o Sol, subregente e angular. 

A firdaria promete assuntos saturnianos (na 12, rege a 7 e a 6 + assuntos típicos de Saturno) de forma solar. 

A casa 5 da profecção é regida por Vênus, e a casa 5 da RS, por Saturno. Na RS, Saturno e Vênus fazem um trígono, e Saturno ocupa a casa 5, em oposição a Júpiter. O lote dos filhos está em 25 de Peixes, signo fértil, regido pelo fértil e exaltado Júpiter na 11, e aspectado por Vênus (que exalta Peixes), e por Saturno, ocupante da 5, também.

Júpiter faz um ingresso por casa na 11, atingindo o Sol, a Lua, Vênus e Mercúrio.

Mercúrio rege a 1 e a 10 da RS e a 1 e a 4 da profecção.

Virgem, o Asc da RS, é o segundo signo (dinheiro) do mapa natal, e o quarto (casa, família) do mapa profectado.

Nessa análise, coisas que eu reparei que foram bem interessantes:

1) Ingressos sobre a casa 11 foram fortes. Acredito que é porque a casa 11 contém "apenas" 4 planetas do mapa natal de John, e nada mais, nada menos do que o lote dos filhos também.

2) A posição de planetas conjuntos ao lote dos filhos no mapa natal e que o aspectam nas RSs foi reveladora também. 

3) A casa 5 profectada também aparece bastante.

4) Todas as firdarias tinham como subregente o Sol, que é um dos vários planetas que aspecta o Lote dos Filhos no mapa natal, mas também aspecta Júpiter, regente da 5, e também o recebe. A única firdaria que não tinha como subregente o Sol tinha Mercúrio, e ele rege o Lote dos Filhos.

Além de outras técnicas preditivas, também poderia ter usado outros conceitos, como termos e dodekatemoria. Mas sem um programa decente de astrologia, fica difícil. Além disso, outras coisas aconteceram na vida do sujeito nesses anos além dos filhos, claro.

Filhos e o mapa interessante de John McCook

(Esse post já tem vários assuntos e conceitos avançados. Iniciantes bem iniciantes podem não conseguir acompanhar direito)

Filhos são um tópico interessante na Astrologia. A técnica mais deliberada é a seguinte:
1) Marte, Saturno e o Sol (apesar de o Sol não ser tão ruim assim) são planetas ruins pra filhos. Vênus, a Lua, Mercúrio e Júpiter dão filhos.
2) Leão, Virgem e Gêmeos são signos estéreis; Escorpião, Câncer e Peixes são férteis; Aquário, Sagitário, Libra e Touro, moderadamente férteis; Capricórnio e Áries (Aquário pode entrar nessa categoria), moderadamente estéreis.
3) Planetas nas casas 1, 4, 5, 10, 11 e 7 são importantes pra falar de filhos; maléficos e/ou estéreis impedem, e benéficos e/ou férteis ajudam. Benéficos em signos estéreis podem ser prejudiciais, e maléficos muito férteis podem ajudar.
4) Por ser o significador essencial de filhos, Júpiter e seu primeiro regente da triplicidade são planetas importantes, assim como a casa 5.
5) O Lote dos Filhos (Asc + Saturno - Júpiter) também é considerado importante na análise, e planetas aspectando-o com muita proximidade significam filhos (claro, dependendo dos seus regentes, estado e fertilidade).

Especulações minhas: 1) um planeta, mesmo em signo estéril, se estiver com a ajuda de seus regentes, e geralmente benéfico e forte, pode significar filhos. Mesma coisa se um planeta muito maléfico e fraco estiver em signos férteis, pode não adiantar nada.
2) As posições dos pontos cardeais me parecem muito importantes. De acordo com Ptolomeu, o MC é o lugar mais quente do mapa, e o DC, o mais seco, então, são contrários  a filhos; já o AC é o mais úmido, e o IC, o mais frio, contribuindo para a fertilidade.

Eu só pensei nessas abordagens questionando o dogma "signo estéril diz 'não' e pronto" porque me deparei no Astro DataBank com o mapa de um ator chamado John McCook. Um caso extremo, porque TODOS (e até o Asc) estão em signos estéreis, tirando um Saturno fértil, porém em exílio, combusto e cadente. 

Começando a análise:

1) As casas 10, 5, 7 e 4 estão desocupadas. A 1 tem Júpiter (extremamente angular e em triplicidade), a Parte da Fortuna e Marte, mas todos em signo estéril, Leão. Tal Marte é um péssimo sinal pra filhos. Na casa 11, temos o Sol, a Lua (em conjunção exata com o Sol), Vênus (combusta) e Mercúrio (em phasis), em outro signo estéril, Gêmeos.

2) A casa 5 está em Sagitário, regida por Júpiter, angular, em signo estéril, em sextil com seu regente Sol (que também está estéril). A casa 5 tem nos seus pivôs (em sua quadratura ou oposição, ou seja, nos seus signos angulares) Mercúrio, Vênus, o Sol e a Lua, todos estéreis. 

3) O Lote dos Filhos está nos últimos graus de Gêmeos, copresente com todos os planetas da casa 11 e regido por um deles, Mercúrio em domicílio e estéril. O Lote está nos termos de Saturno.

4) Júpiter por si só está super benéfico, em sect, com a Parta da Fortuna e a do Espírito também, no lugar mais úmido do mapa, nos termos de Mercúrio, mas em signo estéril, junto de Marte. Seu regente por triplicidade também é seu regente domicilar, o Sol, estéril e em conjunção exata com a Lua.

5) Mercúrio por si só também pode falar de filhos, e está domiciliado, na benéfica 11, em phasis e em sect, porém estéril e se aplica a Marte.

E eis que o ator tem 4 filhos, nenhum adotado, de dois casamentos (1 do segundo, 3 do terceiro - ele foi casado 3 vezes).

Por que, na minha humilde e amadora opinião, o mapa (com ranking AA pro horário) pode mostrar filhos? (claro que quando eu vi de primeira, achei que 

não tinha filhos, mas pensando e estudando muito depois, pensei nesses fatos):

1) Júpiter está muito forte e no ponto mais úmido do mapa e ocidental (ficando mais úmido ainda e menos quente);

2) A Lua, senhora da umidade, está em cazimi (conjunção exata com o Sol); estaria ela super fortalecida e espalhando sua umidade por aí?

3) O regente do Asc, o Sol, conjunto ao Lote dos Filhos e o regente da 5, Júpiter, no Ascendente podem indicar que o nativo queria muito ter filhos.

4) A Lua e o Sol estão em antiscia com Saturno, e até em recepção, se esse conceito for válido pra antiscia (Câncer é o domicílio da Lua, e Gêmeos é a triplicidade de Saturno, e a Lua está nos termos de Saturno). Saturno está em signo fértil.

5) Vamos dar uma olhada nos anos em que os filhos nasceram: agosto de 1972, outubro de 81, novembro de 83 e julho de 90. No próximo post, vamos analisar cada uma das RS.

Astrologia Horária

Que diabos é isso? Pouco conhecida, mas muito interessante e "fácil". Deveria ser a primeira coisa astrológica com que as pessoas têm contato, porque é fácil de ser verificada e absurdamente prática. A horária é simplesmente levantar uma carta pra sabermos a resposta de uma pergunta, que costuma ser a localização de algo, se alguém vai se recuperar de uma doença, se vai dar pra se mudar, se vai conseguir o emprego, se a viagem será tranquila etc. O mapa é feito, geral e tradicionalmente, para o lugar e o horário em que o astrólogo que lerá a carta soube da pergunta.

A astrologia horária exige um conhecimento muito prático e efetivo dos planetas, das casas e dos signos. Seus significados ficam literais.

Por exemplo, na localização de um objeto:

- as casas vão delimitar que planeta representa o quê. Por exemplo, perdi as chaves. Ascendente em Leão: eu sou representado pelo seu regente, Sol. A casa 2 é a casa de objetos perdidos, e está em Virgem, então, as chaves são representadas por seu regente Mercúrio.

- os signos indicam locais. Cada elemento tem uma direção: norte é água, sul é terra, leste é fogo, oeste é ar. A água indica lugares úmidos, molhados, perto de líquidos, lugares aconchegantes e íntimos. A terra indica que o objeto está perto do solo, enterrado, o mais baixo possível. O fogo indica lugares quentes e secos, fontes de calor, entre duas coisas, numa parede, perto de metais, em chaminés. O ar indica lugares altos, onde pessoas se encontram, à vista, iluminados, perto de livros, computadores e escritórios.

- Planetas mandando aspectos ou os próprios planetas podem indicar a natureza do objeto. Mercúrio, por exemplo, fala de coisas pequenas, cheias de peças, de comunicação e dinheiro; Saturno, de coisas pretas, de couro, velhas; Vênus, de roupas, jóias, coisas bonitas etc.

- Um domicílio pode indicar que o objeto está por perto, ou num lugar digno e comum. Um exílio falaria de algo que está no lugar mais bizarro e inadequado o possível, ou avariado. A queda pode indicar literalmente que o objeto caiu (aspecto de Saturno também diz isso).

- O planeta que representa o objeto se separando de algum planeta; esse último planeta pode ser a causa da perda. Separando-se de Júpiter, pode ter havido um excesso de cuidado; do Sol, muita exibição e ostentação; de Marte, através de briga e violência, etc.

Na astrologia horária, tudo é literal. Um planeta retrógrado pode ser fraco, claro, mas pode falar de algo que vai voltar ou de algo velho. Um aspecto separativo indica que o evento já ocorreu; aplicativo, vai acontecer. Combusto, está bem escondido e fora de vista; planetas inconjuntos indicam invisibilidade. Uma recepção indica boa vontade e ajuda; um aspecto separativo com recepção indica rejeição (Lily, astrólogo inglês, diz que isso é péssimo). Um planeta que acabou de mudar de signo indica coisas que acabaram de mudar; e por aí vai.

E, por ser o planeta mais perto da Terra, mais tangível e prático, a LUA sempre é super importante. Ela sempre representa a pessoa que fez a pergunta, mesmo que o AC não seja Câncer, e também sempre representa objetos perdidos. Os aspectos, a dignidade e a casa da Lua sempre representam o desenrolar da história.

Também tem sempre mais do mesmo: a Lua se aplicando a um benéfico angular leva a pergunta à perfeição; agora, se aplicando a um maléfico cadente...

Combustão, orien/ocidentalidade, phasis e a frase "que porra é essa"

Combustão é a fase do ciclo de um planeta onde ele está a menos de 8 graus e meio de distância do Sol. Se você olhar pro céu, o planeta estará invisível nessa fase, o que traz a simbologia de oculto, fraco, subordinado e sem poder. Será que é simples assim? Mercúrio e Vênus, planetas que estão constantemente combustos por serem muito dependentes do Sol, por esse critério, já seriam considerados muito fracos em zilhões de mapas. Tenho um amigo cujo mapa mostra Mercúrio combusto e peregrino, mas ele tem muito jeito com números, adora matemática e um dos seus hobbys é fazer contas. E é claro que se você for fazer uma análise meia boca, já vê algumas coisas importantes, como
1) Mercúrio está ocidental, saindo da combustão;
2) Mercúrio é o planeta que aspecta com mais proximidade a Lua (ainda que por separação, mas a próxima aplicação da Lua é fora de signo);
3) Mercúrio está na casa 1 (por signos inteiros; na 12 por divisional), e a casa 1 deixa Mercúrio em Júbilo;
4) Mercúrio está dominando (na casa 10 a partir de) a Parte do Espírito, regida por Marte (lógica) e também em aspecto com a Lua;
5) Mercúrio rege os termos dos dois luminares.
O problema é que a combustão já eliminaria o pobre Mercúrio para alguns astrólogos. Esse menino é doido por contas; a combustão pode indicar que é algo muito individual e, segundo Cardano, Lily e Ptolomeu, mostra assuntos para os quais o nativo é muito inclinado.
O fato de Mercúrio estar ocidental é muito relevante. Mas que diabos é isso?

Planetas orientais são aqueles que estão em graus zodiacais anteriores ao Sol, como se estivessem à sua direita. Se o Sol estiver no grau 17 de Áries, por exemplo, qualquer planeta entre os graus 0 e 17 de Áries até Libra (do grau 17 ao 29, no caso de Libra), passando por Peixes, Aquário etc é considerado oriental. O planeta ocidental está na frente e à esquerda do Sol. Nesse caso, planetas em Áries (depois do grau 17) até o grau 17 de Libra, passando por Touro, Gêmeos etc são ocidentais. E DAÍ MEU DEUS?!?

Parecem ser conceitos mais usados em temas específicos. Planetas orientais (chamados também de estrelas matutinas, porque nascem antes do Sol - os planetas ocidentais são chamados de estrelas vespertinas, porque se põem depois do Sol.) são, na maioria das vezes, considerados mais fortes. Em análises de vocação profissional, planetas orientais muito próximos do Sol costumam ganhar importância. O conceito de orien/ocidentalidade é mais forte quando o planeta está no máximo a 3 signos de distância do Sol (como Áries até Gêmeos), porque aí entra o conceito de phasis e o entendimento dos ciclos dos planetas com o Sol.

Existe uma divisão interessante de que planetas superiores (mais lentos do que o Sol: Saturno, Júpiter e Marte) ficam mais fortes quando orientais, e os inferiores (Vênus, Mercúrio, Lua), quando ocidentais. Acho que a explicação é de que os planetas mais lentos estão SAINDO da combustão quando já estão orientais. Os inferiores, quando ocidentais, também já passaram da combustão. Se Saturno estiver ocidental ao Sol, por exemplo, ele ainda será combusto, o que o enfraqueceria. Mesma coisa com Mercúrio oriental.

Mesmo assim, qualquer phasis é forte. Phasis é quando o planeta está a 10-15 graus do Sol. Nesses graus, o planeta está começando ou terminando sua combustão, e é sua última ou primeira aparição no céu, o que traz a simbologia de força e influência. A questão é que sair da combustão é preferível a entrar nela. Creio que essa diferenciação seria mais útil para desempatar quando você está a fim de saber qual planeta é o melhor significador profissional, por exemplo.

Vamos ver um mapa da primeira pessoa que eu achei na página random do AstroDataBank com uma nota AA para o horário.

Ok, então, no mapa, vemos que apenas a Lua está oriental, e todos os outros planetas estão ocidentais. O planeta de ação (os únicos que podem representar profissões: Marte, Vênus e Mercúrio) mais forte é Vênus, que está na casa 1, angular e em domicílio. Mas a única coisa que o AstroDataBank fala dessa pessoa é que ela era um amável general nazista <3 (estou sendo irônico, não sou nazista ok)
Segundo a biografia dele na Wikipedia, ele abriu uma joalheria com a irmã e a esposa, mas isso foi a única coisa venusiana escrita na página. Quem sabe ela tenha torturado especialmente mulheres judias, ou estuprado elas, ou tenha sido apenas muito tarado... vai saber.
Mas ok, ele era um GENERAL, que mandou matar milhares! Cadê a força de Marte? 
1) A Lua (que além de ser um Luminar, é o regente da casa 10) se aplica a Marte, em domicílio e triplicidade em Escorpião. Seguindo a ideia de que domicílio apenas bota o planeta em lugares normais, ser um general é condizente.
2) Marte está bem próximo da Parte do Espírito, que está uns 13 graus de Esc., e também o rege.
3) Marte aspecta com bastante proximidade o MC.
Mas Marte está ocidental, o que não é legal pra ele. Em compensação, Mercúrio está ocidental (ele gosta disso), em phasis, em domicílio e exaltação e está a uma distância interessante do AC. Ele era um estrategista, estudou engenharia e tudo. Talvez Vênus não fale muito da profissão porque não está em aspecto com o Sol, que toma muita importância nesse tópico (apesar de estar em contra-antiscia com o Sol, para quem já sabe o que é isso). Mas Vênus aspecta a Parte da Fortuna e está angular, afinal de contas! Tarado ele era, com certeza (Isso sem falar na angularidade de Júpiter e Saturno... astrologia não é mole não).